entenda:

aforismos futurismos
futurismos aforismos
afoturismos

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Brasil, país do steampunk

Vocês já vão entender o título. Estava eu parado no sinal quando pára ao meu lado um homem numa lambreta. Logo percebi meu erro ao classificar aquele veículo como lambreta. Na verdade o esqueleto lembrava uma lambreta antiga, mas á segunda olhada você via elementos de uma bicicleta (o guidon, a corrente) e outros de uma carroça (onde ficaria o assento do carona). Além disso, havia partes feitas de madeira, se não me engano de cerejeira, que lembravam gavetas, onde o dono deveria guardar ferramentas ou compras. Entre o guidon e o assento do motorista, ficava uma plataforma de madeira, onde ele estava apoiando um butijão de gás.
O sinal abriu e a pseudo-lambreta disparou deixando para trás um rastro de fumaça danado, o que me deixou em dúvida se era movido á gasolina ou á vapor. Se for realmente á vapor já sabemos quem será o patrono da futura Loja Steampunk Amazônica.
Mas o caso é seguinte: provavelmente invenções como essas não são nada raras e devem existir pelo Brasil todo, aliás. Ora, basta nos lembrarmos do Tião Coió e suas coiobólicas. O inventor brasileiro, aquele que vive aí por esse mundaréu entre o anonimato e a chacota da comunidade, une á criatividade á experiência, criando portanto obras que denunciam a sua herança, muitas vezes de artesão, com o que há de mais novo por aí, as novas bugigangas que surgem como moda. O resultado é uma coisa que se aproxima, fazendo uma pequena abstração, do steampunk, ao fundir passado e futuro, criando algo alternativo. Ora, uma lambreta-bicicleta-carroça (possivelmente á vapor) seria possível no início do século passado, por que não?
Nós que vivemos na "periferia" do mundo temos as melhores lições de steampunk nem sempre na História ou na Liteatura, mas no cotidiano, nos contrastes e personagens que habitam nossas cidades.

Um comentário: